Dois lados da chuva

Após intensa queda d’água

Desabamento de pontes

Inundações de rios e lagos

Casas destruídas

Pilares históricos quebrados nas ruas

Pelos danos, pessoas nuas

Após tantas tragédias e lágrimas

Das caídas negras nuvens pesadas

Depois que há destruição

Surgem as previsões do tempo

Previsões imprevistas

Serviram só pra venderem jornais e revistas

Enquanto isso lá no Gabinete

Reunião dos gravatas pálidas

Para votações do aumento

E olhem que na folha de cada um

Foi correnteza de reajustes!

Um tornado com chuva, vento e alagamento

SIM: Aprovado em cem por cento!

Uma enxurrada de absurdos

Um rio de corrupções desaguado sobre

Patrimônios e avenidas das cidades

Inundando honras, molhando honestidades

E o povo sofrendo, desmoronado

Mas o salário deles corrigido, dos impostos, arrancado

A chuva possui dois lados

Delicada chuva, aquela bem fininha

Com suave liquidez sobre a pele

Tocando o corpo e o sentimento

As vezes destrói. Muitas vezes não

Contudo...

Não toca os sentidos do Parlamento

Quanto à fúria da natureza

Não podemos fazer nada

Coisa de Deus

Nem estudo, ciência e nem ferramenta

Máquina sim, a da politicalha, salvante os bons

É que deveria ficar soterrada

Nossos bens são nossas vidas

Uma casa, um jardim, uma loja

Um carro, uma piscina com água

Nada disso têm valor

Se não houver mais a vida

Também depois que a chuva passa

É hora de marcar encontros

Mas “peraí”! E antes da chuva?

Antes da chuva ninguém faz nada ?

Apenas esperam ela cair?

Depois daquele frio, que dá arrepio

Depois do desabamento

A alma chora

Os sonhos com a lama, vão embora

E a natureza se acalma

Depois da chuva

O coração fica mudo

Os olhos ficam surdos

Tristeza, nem o pensamento conversa!

É hora então de reconstruir

Todos os sonhos que sumiram por aí

Que bom que ainda há vasos d'água com flores

Águas saciando sede

Chuvas que inspiram frases dos amores

Terras secas pedindo chuva

E goteiras se desviando da parede

Enfim, equilíbrio agora

Depois da chuva

Eu me apronto

Quero ver meu amor

Depois da chuva

Eu te encontro

Pra você ver o que de mim restou

George Lemos
Enviado por George Lemos em 21/01/2011
Reeditado em 25/12/2012
Código do texto: T2743625
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