O versador e a noite
Oh, deus!
Quanto mistério nessas linhas
Que escreveste o universo!
Deste o dom ao poetinha, que,
Nesta noite, mal sabe fazer verso.
Quereria morrer se fosse ontem
Mas, hoje, vendo a lua brilhar
Numa planta...
Só há beleza no mundo, nada mais
Me espanta!
Se faço brancos meus versos,
Hoje não sei versar.
Perante a noite me calo
E o meu silêncio é eu não poder
Mais que respirar
De que vale esta pena se, poeta,
Me desprezo,
Se na noite mais sublime não sei
Fazer um verso!
Esta lua que me encanta, oh deus,
Que esplendor! São teus olhos, talvez,
Vendo o mundo com ardor.
Como posso estar certo que não
Há um criador
Se nem sei onde termina o que nem sei
Se começou!
A noite caminha e o poeta vagueia
Quereria dormir se já não fossem três e meia.
Acabo de ver uma onça na estrada
Ela se foi. Mal a notei...
Perdido na aflição de fazer versos.
Lançarott