O despertar da Caatinga

Seca... completamente desfolhada
E aparentemente sem vida
Sou a caatinga nordestina
Um bioma frágil, mas rico em fauna e flora
Possuo uma biodiversidade espetacular
Fico assim, durante vários meses
E as vezes até anos
Quem me desconhece
Pensa que estou morta
E me acha assustadora
Mas isso é apenas uma defesa
Aprendi a me desfazer
Das minhas folhas
E fingir que estou morta
Mas na realidade
Apenas durmo...
E permaneço adormecida
Até que chegue a primeira chuva
Assim, economizo água e energia
Faço isso para poder sobreviver
Aos longos períodos de estiagem
Tempo em que o céu não permite
Que as suas nuvens venham me banhar
E embora esse processo seja bem sofrido
Já estou com ele acostumada
E enquanto durmo... sonho!
Sonho com o momento mágico
Do meu despertar...
Pois quando cair a primeira chuva
Começo a acordar...
E como num milagre de ressurreição
A vida ressurge em mim
De forma esplendorosa!
Todos os dias há uma explosão
De nascimentos e despertares
Tudo é grandioso e mágico
Em poucos tempo
O que se mostrava seco e deserto
Transforma-se num paraíso
Com vidas e cores
Muitas vidas! E muitas cores!
Um lugar de encanto e belezas impar
Onde correm riachos e cachoeiras
A flora fica um primor verdejante e florido
A fauna exibe mamíferos
Pássaros e insetos
E tudo se equilibra de forma majestosa
Há ressurreição e nascimentos
A alma da caatinga adormecida desperta!
E vem com ela
A alegria!
A esperança!
E a fartura...
Um cenário que de forma singela e doce
Desperta também a inspiração e a magia
Que faz pulsar fortemente
O coração da poesia
Dos poetas e poetisas deste nordeste
***
Fátima Alves - Poetisa da Caatinga
Natal, 01.09.08
Texto publicado no meu livro "Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga"
Edição do autor - 2010
Foto de  minha autoria
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 01/09/2008
Reeditado em 24/02/2017
Código do texto: T1157092
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