Cupim de Natal

Por Rodrigo Capella*

A árvore piscava com tal fervura,

Bolas brancas e vermelhas davam o realce,

Enfeites de laços e cavalos carregavam ternura,

No olhar da criança.

Piscava num ritmo prolixo,

Fixamente olhava o enfeite mais alto,

Era um papai noel no topo da árvore,

Despertando nuança no olhar meigo.

A criança, enfeitiçada estava

A admirar o falso real,

A crer que papai noel iria,

Descer da árvore e dá-lhe

Um beijo no rosto.

Observava a árvore diariamente,

Como se buscasse um algo mais,

Percorria ao redor dos galhos,

Sentia o perfume vago.

Fixava os olhos atrás da árvore,

Abria e fechava a porta do armário,

Passava a mão num furo,

Feito por cupim.

Observava a árvore,

Canto por canto,

Estava quase aos prantos,

Queria ver se o furo,

Ia contaminar os enfeites,

Derrubar os galhos,

Estragar papai noel

E paralisar os cavalos.

(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles “Enigmas e Passaportes”, “Como mimar seu cão” e “Transroca, o navio proibido”. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

Rodrigo Capella
Enviado por Rodrigo Capella em 18/12/2005
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