UM TOQUE DE NATAL
Um toque de natal
[o dia em que Lampião travestiu-se de Noel]
Foi numa noite de dezembro
Naquele lugar bem distante
Saiu pelas caatingas , ele ,
Se arriscando entre as volantes!
Não era novo nem velho
Nem tinha traços europeus
Mas era já quase Natal
E resolveu doar-se aos seus.
A história nunca contou
Talvez por mera hipocrisia
Que um coração concretado
Também faz sua poesia.
Era noite vinte e cinco
E travestido de Noel
Saiu para mais um ato
Mas invertendo seu papel.
Às costas iam brinquedos
No lugar daquele fuzil.
No lugar do facão
Balançava o seu Cantil.
A jornada lhe fora árdua
Por aquele sertão sem fim.
Onde o fim da pobreza é a morte
E a morte , espreita enfim !
Por aquelas bandas jamais
Um natal assim imaginado.
Nessa noite os corações
Todos, dormiram desarmados.
A noite exorcisou todo o mau
Daquele agreste,o seu povileu
E uma estrela mais que todas
Fulgurou naquele céu ! ! !
SBC-José Alberto Lopes
[dez. de 2005]