É natal
É Natal. Acordei e estou aqui no quarto ainda sem vontade de levantar.
Ouço vozes na cozinha. Na sala e na varanda.
O cheiro de café feito na hora invade o quarto.
Ouço vozes da minha mãe e do meu pai.
Minha vó disse algo que não sei decifrar.
Ouço gargalhadas dos meus irmãos que relembram causos antigos.
Todos os Natais são assim. Família reunida.
Eu estou aqui deitado ainda. Tomando coragem para me levantar.
As vozes estão em todos os cantos de casa. A Família está reunida.
Tem gente chegando a todo momento. Tios, tias, sobrinhos e sobrinhas.
Minha mãe está feliz. Ouço os sobrinhos pedindo a benção da minha mãe, do meu pai e da minha avó Zinha.
Ouço amigos chegando. São amigos da família. Feliz Natal Cumpadi Olímpio.
Feliz Natal Cumadi Luzia. Benção Vó Zinhá.
E eu aqui na cama ainda tomando coragem para me levantar e encarar esse dia tão especial.
De repente, chega Zé Abilio, chega Fermino, chega Sílvio Tonelli, chega Pedrão das Três Venda...Todos para dar um FELIZ NATAL para a Família...
Ouço uma voz perguntando “ Nenê já levantou, Dona Luzia?”
Ouço um batido na porta do quarto. Tomo coragem e levanto.
Abro a parta do quarto. Fecho os olhos e sinto o cheiro de cada um. Sinto cheiro de comida gostosa.
Abro os olhos e caio na realidade. Papai não existe mais. Mãe não existe mais. Vó Zinhá também não existe.
Cadê meus irmãos? De quatorze, a metade já se foi... Os amigos que chegaram todos já não existem mais...
A casa está vazia.
E eu estou aqui no silêncio das vozes . No Saudosismo Natalino que uma época que para sempre ficará na minha memória.
Mas uma coisa eu digo:
- Foi tudo incrível! Foi apernas um ciclo que se fechou.
Estou aqui na certeza de que um dia encontrarei todos.