Minha desavença com Papai Noel
Minha desavença com Papai Noel
Tere Penhabe
Tenho com ele antiga desavença,
quando pisoteou a minha crença,
pois um sorriso triste em mim plantou.
Já desisti de contas acertar
porém se o vejo, estou a me lembrar:
- Papai Noel, você já me frustrou!
E foram tantas vezes pela vida
que o deixei, confesso, sem guarida,
no coração, cansado de esperar.
Cheguei até a pensar, quando cresci
que o Papai Noel morava aqui
que tinha lá em Brasília o seu lugar.
Pois de tanto ouvir tanta promessa
fui me tornando só uma ré confessa
do meu repúdio por Papai Noel.
Só o perdoei, quando revi a questão
porque hoje sei, ele é só uma ilusão
quebrar promessa não é seu labéu.
Primeira esperança que morreu,
foi um secreto entre ele e eu,
quando eu ainda era pequenina
e andava pelas ruas sem sapato,
mas não achava o meu destino ingrato
na minha ingenuidade de menina.
Eu só queria a minha bicicleta...
Achei que precisava porta aberta
pra que viesse me entregar a prenda.
Por isso eu levantava sorrateira,
e o esperava pela noite inteira,
mas nunca recebi a encomenda...
O tempo foi passando e eu também...
Mas eu sonhei (Meu Deus!), como ninguém!
Com um amor grande desses de cinema,
e recorri a você, Papai Noel,
achando que era esse o seu papel
que estava resolvido o meu dilema.
Você nunca me disse, não poder...
Deixou-me na sacada, sempre a crer,
e o que ganhei foi muito sofrimento.
Rasguei a alma e o coração nessa missão
é inegável que morreu toda a ilusão
amor que é bom, aqui e ali, só de momento.
Papai Noel, decretei sua falência!
Pois esgotou-se a minha paciência,
e como descobri que sou cigana,
a minha irreverência me assaltou
e uma praga ela lhe devotou,
com meus poderes e a minha gana.
Por isso anda pelo mundo ao léu
com o seu saco enorme de aluguel
cada vez mais pesado e torturante.
E da janela eu o vejo passar,
e fico aqui contente a gargalhar!
Se quer que eu pare, me traga um amante!
Santos, 09.12.2007
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