Natais

Tantos Natais passados,

uns inocentemente alegres,

outros não lembrados,

que podiam ter sido milagres.

Quantas vezes testemunhei

os mesmos velhos adornos,

de cujas origens não sei

e lhes desdenhei os contornos.

Posta a mesa farta,

de iguarias profanas,

a contradição não basta

ao Menino as hosanas.

Tão gastas tradições

em rotinas anuais,

conclamando os corações

nos repetidos natais.

Só conheci por inteiro,

na sua verdadeira essência,

tal evento verdadeiro,

quando em grande carência.

Para poder renascer

em um outro tipo de vida,

antes é preciso morrer

nos desejos da urbe perdida.

Brasília, 3 de junho de 2001

Humberto DF
Enviado por Humberto DF em 29/11/2005
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