Natais
Tantos Natais passados,
uns inocentemente alegres,
outros não lembrados,
que podiam ter sido milagres.
Quantas vezes testemunhei
os mesmos velhos adornos,
de cujas origens não sei
e lhes desdenhei os contornos.
Posta a mesa farta,
de iguarias profanas,
a contradição não basta
ao Menino as hosanas.
Tão gastas tradições
em rotinas anuais,
conclamando os corações
nos repetidos natais.
Só conheci por inteiro,
na sua verdadeira essência,
tal evento verdadeiro,
quando em grande carência.
Para poder renascer
em um outro tipo de vida,
antes é preciso morrer
nos desejos da urbe perdida.
Brasília, 3 de junho de 2001