Natal de Zezinho e Joãozinho
Pra Zezinho, no Natal,
Não vai ter peru nem vinho.
Joãozinho, garoto mau,
Vai ter mais do que Zezinho.
Vai ter tênis importado,
Skate e boné “irado”
Como aqueles da TV.
Pra ele vai ter Natal
Vídeo-game e coisa e tal
Mas Zezinho só vai ter
Uma ceia a pão e água
E uma mãe desesperada,
Sem nada pra oferecer...
Ano entra, ano sai,
Zezinho é igual seu pai,
Seu pai é como o avô.
Zezinho queria ter,
Seu pai queria poder,
Mas o sonho se acabou.
E mesmo perdendo o sonho,
Seu pai lhe ensina risonho
Que mais vale a honestidade.
Zezinho vai ser Seu Zé,
Manter a esperança e fé,
Ser um homem de verdade.
E Joãozinho? Não tem jeito,
Depois de virar prefeito
Vai querer ser senador!
Joãozinho nunca tem medo,
Vai querer outros brinquedos
Que tenham grande valor.
A honra de Zé é soma
Daquilo que ninguém toma
Nem com o tempo se apaga.
Mas João só quer riqueza,
E o que ele tem, com certeza,
É o suor de Zé que paga.
Itapecerica da Serra, 16 de dezembro de 2002