NATAL DOS SEM-NATAL
Palavras, palavras, palavras,
Ponderabilidade virtual
Nos andarilhos das estradas
Há o Natal dos sem-Natal…
Palavras, palavras sem tempero,
Longínquo horizonte d´ espera,
Um sentimento de desespero
Na ânsia de uma primavera.
Palavras, palavras, rio-bravo
Chama triste fim-de-pavio
Em ser humano feito escravo
Sem forças para o desafio.
Palavras, palavras, mão espada
Adequada à revelação
Numa tardia madrugada
Frágil alma sem coração.
Palavras, palavras critério
De quem tem tudo e o estraga
Eis aqui o ignóbil mistério
Enviado a baixo-de-braga…
Palavras, palavras ao vento
Graça oportuna e depressa
Pra amenizar o vil tormento
E liquidar a vã promessa.
O Natal dos sem-Natal
A desventura mais que séria
Por nunca haver manancial
Para acabar com a miséria.
O Natal não são só palavras,
Não são só palavras em vão;
São crença e atitudes gradas
Que nascem dentro do coração!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM