O LEGADO DE PALMER
“O Espírito de Natal” (*)
“Meu nome é Tom Palmer e sou um soldado escocês
Do Império Britânico. Tenho apenas uma ordem:
Matar alemães! Eles ladram, ladram, mas não mordem…
Hoje, é Natal! Com eles joguei à bola, sem timidez.
Os oficiais não queriam, mas era nossa a vontade:
Trocarmos saudações e trocarmos as prendas…
Apenas só um Sonho: nos rasgassem as vendas
E qu´ a guerra não impedisse de vermos a Verdade.”
O caminho da guerra é entre a vida e a morte
Ninguém conhece, porém, qual é o seu destino:
Se ele é apenas humano ou se, então, é divino;
Se é um percurso normal ou, apenas, uma sorte…
O «Espírito de Natal» tem esta força enorme,
Com simples jogo de bola tudo se transforma;
E nenhuma lei é tão cruel, nenhuma norma
Impede a Paz … Mas esta, porém, nunca dorme!
Em pleno século vinte e um, a Rússia e a Ucrânia,
Violaram, à vez, qualquer «Espírito de Natal»:
A guerra redobrou nesta Quadra, tal e qual,
Porque razão ocorreu tão brutal infâmia?
Em vez da bola: ameaças, drones, bombas, mísseis!
– Se o testemunho de Palmer vos não incomoda
É porque andais, uns e outros, de cabeça à roda!
– Em que mundo viveis, ó Maiorais… O que quereis?
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM
(*) - Célebre episódio ocorrido na 1.ª Guerra Mundial, no Natal de 1914, relacionado com um jogo de futebol
entre os Aliados e os Alemães, na zona de Ypres, Bélgica.