Àrvore de Natal (Sextilhas)
Tere Penhabe
Eu vejo ir se formando lentamente
pela ordem, como elos de corrente
minha árvore de Natal tão linda!
Parece até com um quebra-cabeça
mas é preciso que eu não me esqueça
que a melhor peça é aquela que finda.
Acho que algumas já estão faltando
foram, talvez com o tempo, se quebrando,
ou terá sido eu que as perdi?...
Confesso que não sei, tudo é confuso,
o pensamento, na memória, é um intruso
mas sei que faltam muitas peças sim...
Onde estará aquele papai-noel
de barba longa e olhos cor-de-mel
que tanto abarrotou-me de promessas
e garantiu-me a casa pequenina
quando eu ainda era uma menina
me fez crer que eu ganharia uma dessas...
E o que foi feito da estrela-cadente?
que de tão brilhante, era impertinente.
Na minha ingenuidade tão constante
eu poderia até jurar que vi um dia
ela brilhar talvez com mais magia
quando mostrou-me os olhos de um amante.
Falta também um anjo meio torto
que tinha aquele olhar de peixe-morto
mas parecia ser o anjo-da-guarda.
E sempre que pra ele, a gente olhava
alguma coisa aqui no peito tremulava
como a mãe que olha o filho numa farda.
Meu Deus! Minh' árvore não está completa!
Falta aquela pequena bicicleta
com tantos pacotinhos no cestinho
que me fazia temer, arrepiada
que algum dia ela desse uma virada
e derrubasse meus sonhos no caminho.
Serei eu, talvez, uma autêntica cigana,
dessa que sabe tudo e não engana?
Porque perdi, de fato, tantos sonhos
e sem querer, parece que eu previa
que algum dia, isso aconteceria
desde o mais puro até os mais bisonhos...
Eu vou continuar, mesmo faltando
porque fico feliz, eu gosto tanto!
E nos buracos onde falta peça
eu vou pedir a algum anjo moderno
desses que falam inglês e usam terno
que me tragam pelo menos mais promessa.
E quem sabe assim, no próximo Natal
o que alguém recusou porque achou banal
poderá vir a ser tão importante
que ele jamais consiga viver sem
e queira finalmente ser meu bem
assim a árvore estará brilhante!
Santos, 30.11.2007
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