NATAL
Havia desalento naquele olhar.
Tinha olhos de bicho errante
E era triste vê-lo se desenhando
Sobre os alheios da avenida,
Enquanto lhe sofriam nas retinas
Os pingentes das lojas coloridas.
Trazia em si as multidões do mundo
Vivendo suas vertigens intraduzíveis.
Há um sem fim de asas farfalhando
No infinito aberto de seus silêncios,
Enquanto um burburinho esmiúça
A fragilidade da vida das gentes.
E eis que seu pensamento,
Asa partida, desfaz nas calçadas
Os conflitos debuxados na alma.
Sofrera, um dia. Não mais! Não, mas...
Paulo Pazz