SOBRAS NATALÍCIAS

Quando se pensa no Natal

Logo se imagina a fartura

Numa abundância colossal

Que mete respeito e figura.

Quanto mais pessoas melhor

Cada um mostra o que vale

Importa qu´ se exija valor

Quando se pensa no Natal.

Haja prendas e mais alimento

Com um Pai Natal d´ aventura

Para lá do contentamento

Logo se imagina a fartura.

Com embrulhos e mais embrulhos,

E com ataduras bem ou mal,

Há mais ilusão do qu´ orgulhos

Numa abundância colossal.

- Quero uma coisa que m´ agrade –

Ouve-se a voz duma criatura –

É uma prenda de qualidade

Que mete respeito e figura.

- Neste Natal só me sai duques

E o meu Pai Natal é uma seca,

Já estou farto dos seus truques

E eu vou dormir uma soneca.

- Quando acordo só vejo sobras

Em caixas, caixinhas e sacolas,

Nada de jeito para as dobras

E o “Pai Natal” é um gabarolas!

- Oh, tanta gente a passar fome!

Se as sobras pudessem chegar

A todos, sem olhar ao nome,

Este mundo poderia mudar …

Lembrei-me agora, de repente,

Do poema NATAL DE QUEM

Que amigo poeta-competente

Compôs certo dia muito bem.

Trata duma família moderna,

Sem nenhuma crença nem luz,

Que o Pai Natal trazia à perna

Em vez do Menino Jesus:

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 25/12/2019
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