SOBRAS NATALÍCIAS
Quando se pensa no Natal
Logo se imagina a fartura
Numa abundância colossal
Que mete respeito e figura.
Quanto mais pessoas melhor
Cada um mostra o que vale
Importa qu´ se exija valor
Quando se pensa no Natal.
Haja prendas e mais alimento
Com um Pai Natal d´ aventura
Para lá do contentamento
Logo se imagina a fartura.
Com embrulhos e mais embrulhos,
E com ataduras bem ou mal,
Há mais ilusão do qu´ orgulhos
Numa abundância colossal.
- Quero uma coisa que m´ agrade –
Ouve-se a voz duma criatura –
É uma prenda de qualidade
Que mete respeito e figura.
- Neste Natal só me sai duques
E o meu Pai Natal é uma seca,
Já estou farto dos seus truques
E eu vou dormir uma soneca.
- Quando acordo só vejo sobras
Em caixas, caixinhas e sacolas,
Nada de jeito para as dobras
E o “Pai Natal” é um gabarolas!
- Oh, tanta gente a passar fome!
Se as sobras pudessem chegar
A todos, sem olhar ao nome,
Este mundo poderia mudar …
Lembrei-me agora, de repente,
Do poema NATAL DE QUEM
Que amigo poeta-competente
Compôs certo dia muito bem.
Trata duma família moderna,
Sem nenhuma crença nem luz,
Que o Pai Natal trazia à perna
Em vez do Menino Jesus:
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA