BABAS DE UM CACHORRO NA ERA NATALÍCIA

Equanto eles se alegram

Conversam e postam fotos

No famoso instagram

Projecto em minha mente

Planos fracassados para satisfazer o meu intestino

Numa cidade que se esvaziava repentinamente

Abandonado estava naquela madrugada friolenta

Sem direcção nem destino

Meus lábios babavam

Com olhos fitos na fartura em suas mesas

Incontroláveis rios de saliva nasciam pelas glândulas

E o desejo subia juntamente com às minhas tristezas

Cuidadosamente olhava para o movimento

Das suas mandíbulas alegres

E famintas como esse cão sarnento

Devoravam seus deliciosos manjares

Sem dó nem piedade

E jubilavam nos seus deslumbrantes jantares

Meu coração pulava para li estar

Chorando ao ver aquele desperdício

Mordiam pela metade

O pão que comeria nem que fosse pelas gingivas

Pela minha ardente vontade

Quem dera se me dessem atenção

E se atentassem a minha terrível situação

Embora não seja mais jente

Mas epenas um cão!

Ainda carrego sensibilidade no coração

Ainda me queixo do frio debaixo da lua

E do calor da estrada toda nua

Que me queima os pés

Quando corro de lés a lés

Ainda conheço o sabor

Dos grelhados frangos

Por mais que meu paladar

Seja um mar de ferrugem

Ainda conheço o som

Das vacas que mugem

Os aromas das suas bebidas atormentam-me às narinas

Sem poder saber de onde surgem

Não me importaria

Em ter uma família

Um protector

Amar e ser amado

Mas ainda carrego a esperança

De um dia ser visto

E a felicidade será a minha lembrança...

"As ruas também clamam por um Natal digno e não de mendigos"

Mandongue Jr
Enviado por Mandongue Jr em 24/12/2019
Reeditado em 29/12/2019
Código do texto: T6825843
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