BABAS DE UM CACHORRO NA ERA NATALÍCIA
Equanto eles se alegram
Conversam e postam fotos
No famoso instagram
Projecto em minha mente
Planos fracassados para satisfazer o meu intestino
Numa cidade que se esvaziava repentinamente
Abandonado estava naquela madrugada friolenta
Sem direcção nem destino
Meus lábios babavam
Com olhos fitos na fartura em suas mesas
Incontroláveis rios de saliva nasciam pelas glândulas
E o desejo subia juntamente com às minhas tristezas
Cuidadosamente olhava para o movimento
Das suas mandíbulas alegres
E famintas como esse cão sarnento
Devoravam seus deliciosos manjares
Sem dó nem piedade
E jubilavam nos seus deslumbrantes jantares
Meu coração pulava para li estar
Chorando ao ver aquele desperdício
Mordiam pela metade
O pão que comeria nem que fosse pelas gingivas
Pela minha ardente vontade
Quem dera se me dessem atenção
E se atentassem a minha terrível situação
Embora não seja mais jente
Mas epenas um cão!
Ainda carrego sensibilidade no coração
Ainda me queixo do frio debaixo da lua
E do calor da estrada toda nua
Que me queima os pés
Quando corro de lés a lés
Ainda conheço o sabor
Dos grelhados frangos
Por mais que meu paladar
Seja um mar de ferrugem
Ainda conheço o som
Das vacas que mugem
Os aromas das suas bebidas atormentam-me às narinas
Sem poder saber de onde surgem
Não me importaria
Em ter uma família
Um protector
Amar e ser amado
Mas ainda carrego a esperança
De um dia ser visto
E a felicidade será a minha lembrança...
"As ruas também clamam por um Natal digno e não de mendigos"