CORAÇÕES DE PEDRA 02
“Natal de 2019”
Ela acordou, ele acordou, todos acordaram
Na hora certa de acordar, mas não previram,
Nada enxergaram ou repararam ou curtiram,
E até, por certo, tudo enfim menosprezaram…
Ele passou, ela passou, todos passaram
Por onde tinham de passar, mas nada viram,
Nada escutaram ou observaram ou sentiram,
E até, quem sabe, já de tudo se esqueceram…
Um e outro, ou os dois, de nada sabem, se
É que os seus dias são diferentes ou iguais,
Se em cada hora ou espaço ou muito mais
Têm para viver, se é que não viveram, e…
Já agora, todavia, quem com eles vive,
Ou já viveu ou, porventura viverá…
Acordar, ou passar, quem é que saberá
O lado de cá, ou o lado de lá, que se divide?
São corações de pedra, de qualquer idade,
Sejam novos ou velhos ou assim, assim
Até que se revele qualquer princípio ou fim
De qualquer tempo ou insensibilidade.
Natal – que confusão – afinal nasceu Jesus,
Nasceu o Pai-Natal… oh corações empedernidos!
Oh espíritos vendados ou desvanecidos,
Que alma resiste, vazia de senso e de luz?
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA