NÃO HÁ NOITE (ou Mãe retirante)
Não há noite...
Há somente a espera
De uma Estrela maior
Ofertada à escuridão.
Geme uma Mãe em dor
Mãe das dores do mundo
Furando novamente
O omisso silêncio
Em retirante vida.
Retira
Do sangue o destino,
Da sede a saída,
Da fome o caminho.
Retira lágrimas dos olhos
E molha o barro para ser abrigo
Do rebento que se impõe em vida.
Dorme tranquilo o menino
Alimentado pela alma da Mãe
Que acalenta o manto vazio
Ajeitando o futuro da sua saudade:
Exílio aceito
Atualizado em fugas
Estudos em terras distantes
De um corpo recortado em postas,
Deserto de si mesmo,
Encontrando no jejum do afeto
as suas respostas:
“Mulher, eis aí teu filho!”
Filho, olha a tua humanidade!
Compreende, então,
Que aquele que foi dado à luz
conhecerá a escuridão,
Mas à luz sempre se abrirá,
Abraçando cada um que ouse,
Por amor,
Caleidoscopicamente se encontrar.
Não há noite...