QUERO NATAL
Quero natal todo dia.
Quero cruz, quero alegria.
Quero a invasão do olhar do Cristo em mim.
Quero me sentir abalado e senti-lo humano.
Quero sua ira, meu martírio, nosso calvário.
Quero me desmoronar.
Não ao Cristo da parede da minha sala,
Não o que me ensinaram na escola,
Não o que me obrigaram a amar.
Quero o Cristo verdadeiro,
O Vivente,
O que me quer sem que eu o queira.
Aquele que mostra minha indecência,
Que ilumina meu imundo porão,
Que me faz ver a podridão do meu nobre salão superior.
Que arrebenta meus dogmas,
Que destrói minhas esperanças,
Que aniquila meu falso amor por mim e pelo próximo,
E fazendo, faz com que queira não mais a mim, mas a ele.
Quero a cruz, o calvário.
Quero a alegria do vazio.
Quero aquele que me ensina a me esvaziar por completo.
E vazio, por completo, quero aquele que me preenche de tudo.
E preenchido de tudo, menos de mim, posso ser vida,
E sendo vida, posso amar,
E tendo Amor passo a ser poesia nos livros de Deus.