Onde está o menino?

A noite se aproxima e já ouço os fogos;

As crianças correm felizes,

Mas é uma felicidade débil,

A felicidade da ignorância.

A noite se aproxima e já ouço gargalhadas;

Os ébrios do boteco se mostram alegres,

O dono do boteco está eufórico,

O cheiro de cachaça é o perfume.

A noite se aproxima e já vejo as cadeiras vazias,

As portas batendo,

Os passos apressados nas escadas e elevadores;

Todos afobados, o trânsito parado,

Os pontos lotados, os ônibus superlotados.

Eis que a noite chega:

O banho já foi tomado,

Os cabelos penteados,

As roupas novinhas

E a estreia do perfume caro.

Eis que a noite chega:

As luzes coloridas se destacam,

Os fogos iluminam o céu,

Beijos, abraços, felicitações,

Copos tilintando em mãos não tão firmes.

Eis que a noite chega:

Familiares e amigos ao redor da mesa,

Nenhuma lembrança, nem dor, nem tristeza,

Rabanada, pernil, peru, churrasco, farofa,

Torta de maça, fartura.

Eis que o sino da igreja badala doze vezes:

Já é tarde! A sobriedade se perdeu em poucas doses.

Ninguém lembra a razão,

Ninguém sabe o sentido

E o menino chora encolhido num canto

Onde o colocaram para não ser notado.

24/12/15

Osiel Basílio

basílio
Enviado por basílio em 24/12/2015
Reeditado em 24/12/2015
Código do texto: T5490121
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