Tal natal
Neste mundo do Capital
Mercadoria é o natal
Deliciosas castanhas de nozes
Cascas bipartidas atrozes
Vinhos de pretéritas safras
Duras são as mãos cheias de calos
Que nunca tocaram nos cálices
De cristais
Transbordantes de maceradas
Uvas ébrias sazonais
Frutas cristalizadas adoçadas
Por verdes extensos canaviais
Aves raras recheadas com temperos
Orientais
Doces trufas tropicais
Assaz
As catedrais tocam seus sinos
De bronzes
Na missa o pão é repartido
Salmos são lidos
Na vida as classes são divididas
Nos trigais quem ceifa
Não é quem amassa a massa
Não é quem assa
Não é quem passa o azeite
Não é quem come
Com deleite
Quem cultiva fica com as migalhas
São os espantalhos que assustam
Os corvos
As esfomeadas gralhas
Afinal no mundo do capital
O sentimento fraternal
Não divide o fermento
E o que cresce no natal
São os momentos das lentilhas
Em bandejas de metal
As borbulhas dos espumantes
E suculentas fatias com olhos
De cerejas
Pupilas de ameixas
Nas lâminas dos talheres brilhantes
E as imensas mesas vazias estendidas
Pelos chãos
Proliferam pelas avenidas encarnadas
Mãos trêmulas de frios
Árvores sem filamentos apagadas
Vísceras repletas de injustiças
Comem o pão sem milagre
Lágrimas congeladas
Afinal – casas sem lareiras
E chaminés
Não recebem presentes
Nem benção
Luiz Alfredo - poeta
Neste mundo do Capital
Mercadoria é o natal
Deliciosas castanhas de nozes
Cascas bipartidas atrozes
Vinhos de pretéritas safras
Duras são as mãos cheias de calos
Que nunca tocaram nos cálices
De cristais
Transbordantes de maceradas
Uvas ébrias sazonais
Frutas cristalizadas adoçadas
Por verdes extensos canaviais
Aves raras recheadas com temperos
Orientais
Doces trufas tropicais
Assaz
As catedrais tocam seus sinos
De bronzes
Na missa o pão é repartido
Salmos são lidos
Na vida as classes são divididas
Nos trigais quem ceifa
Não é quem amassa a massa
Não é quem assa
Não é quem passa o azeite
Não é quem come
Com deleite
Quem cultiva fica com as migalhas
São os espantalhos que assustam
Os corvos
As esfomeadas gralhas
Afinal no mundo do capital
O sentimento fraternal
Não divide o fermento
E o que cresce no natal
São os momentos das lentilhas
Em bandejas de metal
As borbulhas dos espumantes
E suculentas fatias com olhos
De cerejas
Pupilas de ameixas
Nas lâminas dos talheres brilhantes
E as imensas mesas vazias estendidas
Pelos chãos
Proliferam pelas avenidas encarnadas
Mãos trêmulas de frios
Árvores sem filamentos apagadas
Vísceras repletas de injustiças
Comem o pão sem milagre
Lágrimas congeladas
Afinal – casas sem lareiras
E chaminés
Não recebem presentes
Nem benção
Luiz Alfredo - poeta