Ainda sobre o Natal

Sei que sou esquisita mesmo...

E me dou bem com minha esquisitice,

gosto dela e ela também gosta de mim.

Acolhi o espírito natalino,

permitindo que ele entrasse devagarinho em minh'alma...

Não sem tristeza...

Natal é data triste...

De amor, de compaixão, mas triste...

Acolhi também a tristeza...

A mãe percebe minha introspecção...

Não gosto da comida que é servida nesta noite...

Acho exagerada, pesada...

Tento participar das comemorações familiares...

Mas não me sinto à vontade...

Fico na minha, deslocada e triste...

Penso na formalidade da data...

Tenho o espírito libertário, avesso a essas coisas...

Gosto da simplicidade...

Escrevo o nome das pessoas especiais numa folha,

conecto-me ao universo,

faço minha oração energética,

com a folha bem perto do peito...

Penso nas pessoas que não têm motivos para comemorar...

Nas desigualdades...

Espero que a humanidade

faça o movimento de Perséfone

que vai ao mais fundo do inferno

e renasce trazendo a vida...

Que a partir desta data

as pessoas possam levantar-se do torpor,

da acomodação

e lutar umas pelas outras,

por um mundo mais humano!

Que seja o início do fim da perversidade!