Guardo  uma foto de minha filha:
Junto a ela um pé de laranja lima _
Laranja da terra que meu pai plantou !
 
Poderia ser uma decoração qualquer...
Se ele não me falasse
Do fundo daquele quintal.
 
Parece difícil explicar para alguém
Que eu gostava de ali ficar,
Imaginando aventuras em outras galáxias,
Ou, então, montado num poderoso alazão.
 
Era aquele pé magrinho, que ouvia quando a tristeza
Batia-me e, por Beatriz, mais uma lágrima da alma
Saltava-me,
E em seus galhos caía.
 
Certa vez, era Natal. Todos lá em casa ganharam como presente
Bonecos de Papai Noel. Meu pai, coitado, não tinha imaginação !
Parecia que ele se encantava com aqueles bonecos mais do que poderia .
Parava, comprava, e nos dava com alegria o que parecia lhe fazer feliz.
 
Meus irmãos agradeciam, mas, logo, deles se desfaziam.
Eu os pedia para mim. Eles morrendo de rir me davam seus bonecos...
Até os gatos sumiam apavorados, talvez imaginando
Coisas que não existiam, enquanto eu colecionava mais fantasias...
 
 
Arrumava-os aquela árvore...
Ajeitava em seus galhos aquele bonecos... maiores do que nós !
Alguns até rasgados e incompletos.
E terminava a decoração com bolas , luzes e  festão.
 
 
A noite, ficava da janela olhando minha arrumação...
Laços e fitas, lima e limão, luz da lua a clarear
Alguém naquela imensidão.
Dava tempo ainda, antes que a gente dormisse,
De repor a Beatriz na lembrança do meu coração.

 
 
    Há lembranças que ficam para sempre, transmitidas de geração a geração. Por nossos ancestrais  e a nossos filhos e descendentes, que se  arrume  sempre a Árvore de Natal, como a Árvore da Vida, com  alma, sutileza e emoção. Há aqueles que não se importam com símbolos, mas sempre existirão olhinhos atentos que sempre acreditarão em sonhos , e os levarão adiante !
 
 
De Magela e Carmem Teresa Elias
Carmem Teresa Elias e De Magela
Enviado por Carmem Teresa Elias em 23/12/2011
Código do texto: T3403500
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