MISTÉRIOS DO NATAL
Não sei se é a música que me toca,
não sei se é coro, a minha boca,
ou se é amargo o que é memória,
ou se é doce o que é história...
Sei que volta sempre no Natal,
esta alegria que me faz mal,
esta tristeza que me faz bem,
e a fé teimosa que o mundo tem.
Não sei se é luz o que me brilha,
ou se Jesus é a minha filha,
sei lá se o céu é um presépio,
sei lá se a quadra é canto épico...
Só sei que sinto, mágoas minhas,
que também nasci nessas palhinhas,
feita de barro, como quem sofre,
feita de fome, como o mais pobre.
Não sei que encanto eu enraízo
sempre que os sinos brincam de guizos
e me retornam ecos e trilhos
que percorri com os meus filhos...
Só sei que o Amor é mais encanto
quando o Natal chega de branco
(mesmo que dentro eu vista de luto),
e relativiza o absoluto.