PRENDAS NATALÍCIAS II
II
GERAÇÃO DO PAI NATAL
Na setentrional e frígida Lapónia
renasceu uma lenda ancestral
dizendo que uma rena pelo Natal
levava um ancião em seu trenó
Barbas brancas e rubro paletó
denunciando uma força natural
transportava num saco colossal
milhares de prendas e falando só.
- Estas que levo, p’ ra quem são, totó?
- Esta memória está passando mal
pois não me lembro já daquele postal...
pedindo, além de prendas, pão-de-ló...
- Ah, pois é isso, que cabeça a minha,
anda lá mais depressa, ó reninha!
III
- Ohu, ohu, ohu, ohu, as últimas oferendas
que trouxe para esta terra de parvónios,
antes eu as deixasse lá para os lapónios
e pouparia, assim, as suas reprimendas.
Passei a minha vida a visitar vivendas
num alternado corrupio dos demónios,
fiz-me velho e gastei meus ricos patrimónios
e como prémio nem ganhei p’ ras encomendas.
- Ohu, ohu, eu já perdi o antigo atrevimento
e não confio mais no meu pobre idealismo
pois só se vê por todo o lado consumismo
e até as crianças têm mais afoitamento...
- O reino que era meu deu já o que tinha a dar,
resta saber onde é que tudo vai parar !?
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA