Presente de natal
Quantos dezembros, sempre acordado,
ouvindo renas, sinos e trenós...
Eu e meus sonhos, quase sempre a sós,
a espera do presente desejado!
Um olho semiaberto, outro fechado,
enquanto não viesse a escuridão
que vinha, como fosse o bom ladrão,
roubar-me a luz do sol pelo telhado.
A minha mãe, num beijo abençoado,
saía, com sutil delicadeza,
deixando uma luz somente acesa:
uma estrela no céu, todo apagado.
E vinha, de trenó, um sonho alado,
teleguiado até ao meu desejo.
E minha mãe então me dava o beijo,
Que me punha dormir mesmo acordado.