O outro lado do Natal
O outro lado do Natal
Venha até aqui, dê-me sua mão
Que eu direi o seu amanhã.
Venha até a mim sem medo
Coloque no meu chapéu o seu vintém
Que o abençoarei com o meu credo.
Ajude um pobre coitado
Comprar alimento e remédio
Ajude a voltar pra Minas, pro Norte
Ou pra Conchichina.
E esta chuva que não para!
È o céu que chora por mim
Chora ao ver tanta carência
Tanta falta de opção
Pai, que se tornou pedinte
A mãe profeta, adivinha.
E o filho, que a fome aperta,
Rouba doces da vizinha.
Cadê o Papai Noel?
Que não anda na periferia
Talvez pra não sujar a roupa
Feita do mesmo vermelho que denuncia
Que denuncia injustiça e prega a vida.
Só que a vida está no asfalto
Nas lojas caras, nos hiper mercados
São poucos, pouquíssimos
Os que aderem a fantasia.
Mesmo na poeira escura
No barraco de lata velha
O natal trás esperança!
Basta ver nos olhos de um menino
Ou de uma menina qualquer
Onde brota uma luz intensa
Tão forte que arrepia.
É ali a manjedoura!!!