Advento
Antecipo-me à morte anunciada
Num advento omisso de natais
É só o reflexo da minha fé cansada
De blasfémias de tantos carnavais
É farto o perú de tantos recheios
Na consoada rica e enfeitada
Lá fora uns olhos comem cheiros
que exalam da chaminé dos telhados
E há muita fome enquanto reza a missa
E o galo canta as 24 badaladas
O olhar triste da freira clarissa
A contrastar com a igreja engalanada
Não há menino num berço de palha
Mas há meus senhores...
Muita pobreza envergonhada!