NOITE DE NATAL
NOITE DE NATAL
O céu de profundo azul pintado
É um poema inacabado
De uma beleza sem igual;
E a paz e o silêncio envolvente
Só é quebrado
Pelo cricrar de um solitário grilo,
Na noite santa de Natal.
Meu pensamento fito na lonjura
Leva-me a uma distante gruta escura
Abrigo de mansos animais;
E logo em meus ouvidos
Soam primeiros vagidos
De um bambino acabado de nascer.
Uma estrela cadente
Reluzente como o sol,
Rasga o ventre da noite
E vem pousar sobre o santo local;
E os seus raios, etéreo fanal,
Incendeiam os céus,
Inundam a terra de luz.
Nas cercanias de Belém
Onde guardam seus rebanhos,
Humildes pastores acordam em sobressalto
Ao ouvirem doces melodias vindas do alto;
E guiados por aquela estranha luz
Lá vão pelos caminhos
Carregando lindos anhos,
Para oferecê-los ao Menino Jesus.
Chegados ao seu destino
Diante do doce menino
Ficam genuflexos,
Embebecidos;
E a Virgem Mãe e José,
Circunspectos,
E emudecidos,
Meditam no mistério profundo,
Do Deus Senhor do mundo
Que por nós se fez pequenino.