sobre mim

(Voz profunda e levemente cassoadora: é a voz da consciência)

Estas sozinho, deveras. Preferia estar morto? Quem se importa? Não choras? Orgulhoso... erro meu, desalmado. Falas que choras muito, falas, que não chora agora, pois ja chorou muito. Continua com seus sonhos de infância. Deverias chorar muito, para se parecer com seu pai, para ser algo bom.

E filho,sarcasmo nao é sua amante, é seu carrasco.

(voz de louco, desalmado com muita enfase no sarcasmo como se fosse feito da maneira mais tosca para que até mesmo o mais idiota pudesse entender.)

-Basta. Aqui já esta bem cheio sem você. E a festa esta tão... agradável. O auto rancor esta animando a festa, a depressão a cantar loucamente, a solidão fazendo as luzes piscar como se fosse o fim do mundo! Não preciso de você.

Como viu não estou sozinho, deveras. Não tenho interesse pela morte, nenhum interesse fora aquela queda que tive por ela na adolescencia. E por que eu iria chorar? Para parecer com papai? Parei de imitar os santos a tempos. E o Sarcasmo não é meu carrasco, ou minha amante é meu filho: o melhor de mim: desalamado, mal amado, incomprendido e orgulhoso.

Sobre mim os santos, os deuses, as massas, o tudo : sobre mim a vida passará com ódio.

Paxe
Enviado por Paxe em 05/01/2010
Reeditado em 09/09/2010
Código do texto: T2011594
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