ENTRE DOIS NATAIS

No ano passado infelizmente enganei as promessas do anterior;

E jurei caminhar com amor sobre este que finda-se agora

Divulguei o nascer d’outra história e da renovação interior;

Que perdoaria até quem não me perdoou, que condenaria a ambição que explora!

Abracei apertado quem nunca senti verdadeira amizade;

Comprometi-me com a verdade, firmei votos pela justiça;

Chorei no culto e na missa, me alistei na milícia da solidariedade;

Uni-me aos filhos da religiosidade, condenei a existência omissa!

Cantei com emoção a canção que fala do pão dividido;

E ao sistema injusto e falido ampla guerra declarei;

Assegurei meu amparo ao irmão excluído;

E até o devedor esquecido, em solene discurso anistiei!

Eu fiz uma lista de procedimentos louváveis;

Jurei atitudes suaves a quem tenho o ano inteiro agredido;

Deixei de ser joio e fui trigo, poli meus arroubos fugazes;

Com os desafetos fiz a pazes, dei flores em troca de atritos!

Falei a mim mesmo que até meu caráter seria melhor;

Seguiria o exemplo de Jó mediante a adversidade;

Que nunca seria tarde para dignificar o meu suor;

Que jamais me uniria a um pior, nem com o ato corrupto ter cumplicidade!

No ano passado em pleno natal eu era um notável cristão;

Mas pouco depois me tornei um pagão vazio e incoerente;

O que seria condizente não passou de fútil representação;

E agora outra vez sob a mesma emoção, porventura farei diferente?

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Breve: Lançamento do Vídeo Especial de Natal. Aguarde.