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O SONHADOR
Desenho: Gustave Doré
J.B.Xavier
Quisera
Que todas as crianças desamparadas
Tivessem um só lamento,
Uma só voz,
Um só grito
Assim
Talvez fossem ouvidas
E talvez,
Ressoando no infinito
De nossas almas,
Entre as estrelas,
Fizéssemos algo,
Alguma coisa por elas,
Quisera
Que após alguns milhões
Os que tem muito parassem de acumular
E compreendessem
Que não há mais no que gastar...
E começassem a dividir,
A doar,
Que após as conquistas
Financeiras e materiais,
Ainda há crianças a chorar
Estômago doendo,
E a esperar
Pelo brinquedo que não vem.
Quisera
Que essa espera
Fosse um sonho...
Um sonho dourando
O sorrido de cada inocente...
Que o mundo se lembrasse
Que atrás do rosto sujo,
Há gente...
Carente,
Eternamente esperando
A promessa de melhora,
Quisera
Que chegasse a hora
De todos os oprimidos,
Que não houvesse bandidos,
Que as luzes do Natal
Por ninguém fossem vistas
Pelo outro lado de uma grade,
E que a prisão
Servisse, sim,
Para reter a emoção
De uma transbordante
Taça de champanhe,
Quisera
Que um não perdesse
Para que o outro ganhe,
Quisera
Que um hino somente
Entoasse “Aleluia”
À redenção
Desse mundo sofredor...
Não, não me chamem de sonhador...
Este é um sonho sem fim...
Comemoramos hoje
O aniversário de quem sonhou tudo isso
Antes de mim...
* * *
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O SONHADOR
Desenho: Gustave Doré
J.B.Xavier
Quisera
Que todas as crianças desamparadas
Tivessem um só lamento,
Uma só voz,
Um só grito
Assim
Talvez fossem ouvidas
E talvez,
Ressoando no infinito
De nossas almas,
Entre as estrelas,
Fizéssemos algo,
Alguma coisa por elas,
Quisera
Que após alguns milhões
Os que tem muito parassem de acumular
E compreendessem
Que não há mais no que gastar...
E começassem a dividir,
A doar,
Que após as conquistas
Financeiras e materiais,
Ainda há crianças a chorar
Estômago doendo,
E a esperar
Pelo brinquedo que não vem.
Quisera
Que essa espera
Fosse um sonho...
Um sonho dourando
O sorrido de cada inocente...
Que o mundo se lembrasse
Que atrás do rosto sujo,
Há gente...
Carente,
Eternamente esperando
A promessa de melhora,
Quisera
Que chegasse a hora
De todos os oprimidos,
Que não houvesse bandidos,
Que as luzes do Natal
Por ninguém fossem vistas
Pelo outro lado de uma grade,
E que a prisão
Servisse, sim,
Para reter a emoção
De uma transbordante
Taça de champanhe,
Quisera
Que um não perdesse
Para que o outro ganhe,
Quisera
Que um hino somente
Entoasse “Aleluia”
À redenção
Desse mundo sofredor...
Não, não me chamem de sonhador...
Este é um sonho sem fim...
Comemoramos hoje
O aniversário de quem sonhou tudo isso
Antes de mim...
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