A triste história de Natal e Jesus
Vinte e cinco de dezembro
Num quartinho imundo
No fundo de um quintal
Nasceu um menino branco
Deram-lhe o nome: Natal
Não muito longe dali
Numa casinha de tábua
Faltando água e sem luz
Nascia um menino negro
Deram-lhe o nome: Jesus
Um foi abandonado no mundo
Logo depois que nasceu
Jesus se lembrava da mãe
Mas o pai não conheceu
Cresceram os dois separados
Mas com destinos iguais
Mamaram em todas as tetas
Disformes e desiguais
Tinham um sonho em comum
A mesma esperança vã
Ouvir o nome gritado
No estádio Maracanã
Um dia fugiram da escola
Acaba o sonho a ilusão
Ouviram seus nomes gritado
E o adjetivo ladrão
Natal foi ser mula do tráfico
Para um senhor influente
O outro seguiu roubando
E matou gente inocente
Quando sumiram de cena
Sem aviso e sem mistério
Ninguém reclamou seus corpos
Na sala do necrotério
E chega mais um natal
Naqueles barracos pobres
Que gesto lindo, que nobre
Um bando de políticos
Mulheres de homens ricos
Chegam trazendo esmolas
E as mesmas falsas promessas
De outros natais que passaram
De resolver os problemas
Daquele chão miserável
Que eles mesmos criaram
Mas, de NATAL E JESUS
Nenhuma palavra falaram