A triste história de Natal e Jesus

Vinte e cinco de dezembro

Num quartinho imundo

No fundo de um quintal

Nasceu um menino branco

Deram-lhe o nome: Natal

Não muito longe dali

Numa casinha de tábua

Faltando água e sem luz

Nascia um menino negro

Deram-lhe o nome: Jesus

Um foi abandonado no mundo

Logo depois que nasceu

Jesus se lembrava da mãe

Mas o pai não conheceu

Cresceram os dois separados

Mas com destinos iguais

Mamaram em todas as tetas

Disformes e desiguais

Tinham um sonho em comum

A mesma esperança vã

Ouvir o nome gritado

No estádio Maracanã

Um dia fugiram da escola

Acaba o sonho a ilusão

Ouviram seus nomes gritado

E o adjetivo ladrão

Natal foi ser mula do tráfico

Para um senhor influente

O outro seguiu roubando

E matou gente inocente

Quando sumiram de cena

Sem aviso e sem mistério

Ninguém reclamou seus corpos

Na sala do necrotério

E chega mais um natal

Naqueles barracos pobres

Que gesto lindo, que nobre

Um bando de políticos

Mulheres de homens ricos

Chegam trazendo esmolas

E as mesmas falsas promessas

De outros natais que passaram

De resolver os problemas

Daquele chão miserável

Que eles mesmos criaram

Mas, de NATAL E JESUS

Nenhuma palavra falaram

Sebastião Generoso
Enviado por Sebastião Generoso em 05/12/2008
Código do texto: T1321007
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