HÁ NATAL
Desde os princípios do tempo
Em que o Verbo foi carnal
Brilha a luz do Firmamento
Com a notícia do Natal.
Há Natal em toda a terra
Desce a noite na ribeira
Cala o lobo cessa a guerra
Há sorriso a noite inteira.
Há Natal em toda a linha,
Muito frio, sede e fome,
A incerteza se avizinha
Todo o pobre se consome.
Há Natal com sonho e dança
Neste palco da aventura
Faz-se alegre toda a criança
Chora a humana criatura.
Há Natal, há sim, no lar,
Na mansão anti-poder,
Ouvem-se anjos a cantar
E os cavalos a correr.
Há Natal em toda a praça
Sem mister do mestre-escola
Para o bem ou pr’ a desgraça
Aprender virou esmola.
Há Natal, há vilancetes,
Nos palácios da ribalta
Com festanças e banquetes
Pr’ alegrar o Zé da malta.
Há Natal, e haverá Natais,
Haja crises, haja mortes,
Onde há ricos há chacais
Qu’ o dinheiro gera sortes.
Raça vil sem coração,
De miséria tão brutal,
Ergue os olhos de emoção
E ouve os gritos do Natal!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE