(mais uma) HISTÓRIA DE NATAL

A chuva acaricia-lhe

A amarga face,

Fazendo-o despertar.

Destruindo seu mundo de fantasia..

Pedaços de sonho

Ainda lhe fazem companhia.

A tristeza e o frio daquela manhã cinzenta

O incomodavam.

Procura o desjejum

Entre as latas de lixo.

Revira-as uma a uma

Em busca dos restos

Que saciarão sua fome.

É natal ,

E todos clamam

O amor e a paz.

Um homem sofreu por nós

Mas não sofremos por

Ninguém.

Nosso egoísmo sem rédeas

Empobrece-nos o espírito,

Enegrece a alma

E corroí

O que nos resta do coração.

Os sinos saúdam

A bondade

E ao Príncipe

Da paz.

Belos arranjos

Em frondosas árvores.

Hipocrisia,

Em discursos demagogos.

A chuva que cai

São lágrimas do Príncipe

Que chora e lamenta

A falta de compaixão

Dos seus filhos-irmãos.

Essa mesma chuva

Aflige ao desafortunado

Que em um canto escuro

Range os dentes

E sofre com a fome.

Caído numa poça

De lama,

Afoga todos os sonhos

Que um dia ousou ter.

A fome tirou-lhe

A vida.

O sofrimento concedeu-lhe

A redenção.

Os sinos tocam:

É natal.

Gustavo Marinho
Enviado por Gustavo Marinho em 29/01/2006
Reeditado em 24/12/2013
Código do texto: T105598
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