(mais uma) HISTÓRIA DE NATAL
A chuva acaricia-lhe
A amarga face,
Fazendo-o despertar.
Destruindo seu mundo de fantasia..
Pedaços de sonho
Ainda lhe fazem companhia.
A tristeza e o frio daquela manhã cinzenta
O incomodavam.
Procura o desjejum
Entre as latas de lixo.
Revira-as uma a uma
Em busca dos restos
Que saciarão sua fome.
É natal ,
E todos clamam
O amor e a paz.
Um homem sofreu por nós
Mas não sofremos por
Ninguém.
Nosso egoísmo sem rédeas
Empobrece-nos o espírito,
Enegrece a alma
E corroí
O que nos resta do coração.
Os sinos saúdam
A bondade
E ao Príncipe
Da paz.
Belos arranjos
Em frondosas árvores.
Hipocrisia,
Em discursos demagogos.
A chuva que cai
São lágrimas do Príncipe
Que chora e lamenta
A falta de compaixão
Dos seus filhos-irmãos.
Essa mesma chuva
Aflige ao desafortunado
Que em um canto escuro
Range os dentes
E sofre com a fome.
Caído numa poça
De lama,
Afoga todos os sonhos
Que um dia ousou ter.
A fome tirou-lhe
A vida.
O sofrimento concedeu-lhe
A redenção.
Os sinos tocam:
É natal.