Villanella ao Verme
“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”.
(Machado de Assis)
De iguaria és-me um verme a servir-me no mundo...
Eu tratei sempre a tudo e a todos com desdém!
E igualar-me-ia o verme a um invólucro imundo...
Sempre alheio a qualquer pensamento profundo
Nunca me interessei no que não me convém!
De iguaria és-me um verme a servir-me no mundo...
Encontro-me perdido em abismo sem fundo
Enquanto me preocupo e penso em mim, porém!
E igualar-me-ia o verme a um invólucro imundo...
Meu vívido memento é vivo e moribundo
Momento em que descrevo a vida que estou sem!
De iguaria és-me um verme a servir-me no mundo...
Conhecido no mundo e esquecido em submundo
Solitário em que fico e avanço mais além!
E igualar-me-ia o verme a um invólucro imundo...
Em um mar de ostracismo eterno, eu me afundo...
Para sempre, tornei-me em nada nem ninguém!
De iguaria és-me um verme a servir-me no mundo...
E igualar-me-ia o verme a um invólucro imundo...
(Bhrunovsky Lendarious)