Fetiche
Te perdes em sombras, desejo febril
Num êxtase ardente, doce e servil
Sente o gosto amargo do vício mortal
Entre o certo e o errado, és tão animal
Sob correntes tens o corpo atado
Grilhões do prazer, teu pecado abraçado
Marcado em carne, o suor que escorre
Morde o lábio e no escuro se socorre
A dor que te beija, prazer que te inunda
Cada toque é veneno, desejo que te afunda
A carne suprimida, o sussurro aflito
E na pele lateja o sangue maldito
Teus olhos se fecham, rendição final
És servo do gosto, do impulso fatal
Provoca o abismo, atiça o instinto
Sente a perversão no gemido extinto
A moral dissolvida em gritos sem lei
Na boca do desejo, a culpa se exibe, sem freio nem rei
O laço aperta, o gozo respira
És teu próprio carrasco, tua própria mira
Sucumbe ao toque, à sede que grita
Num pecado sagrado, a carne és bendita
E no fim, desfalece entre o certo e o louco
Um traço de dor, um beijo que é pouco