No Limiar da Incerteza

A noite é longa e traz consigo sua mortalha,

como um véu que cobre, sem palavra a essência.

Há um silêncio, quase violento, que se espalha,

sussurrando ao coração a vida em vigência.

O ar, tão leve, torna-se denso, quase doente,

no pulsar de um adeus que espreita, frio e certo.

Entre as sombras, a esperança vacila e mente,

enquanto o tempo nos lembra do céu deserto.

Ah, que dor é essa, que o peito embala e aperta,

o medo em forma de um suspiro quase ausente!

A vida escorre pelos dedos, feito ferida aberta,

num fio tênue, tão frágil, de um fim iminente.

E a cada passo, o coração fica mais quieto,

ao ver que, enfim, somos finitos neste chão.

Como é triste saber do destino predileto:

o eterno e lento abraço da morte em sua canção.

PS.: Dedico este poema à minha prima, que agora se encontra em estado grave, suspensa entre a vida e a morte, numa vigília silenciosa e incerta.

Ferrachi Abdtzen
Enviado por Ferrachi Abdtzen em 05/11/2024
Código do texto: T8190111
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