Questionara-me diante da Morte

QUESTIONARAM-ME DIANTE DA MORTE

Estava eu a contemplar o alto da montanha,

Fazendo notas, rabiscando as rochas.

Expandindo meu ser até chegar junto a ti.

Sinto tudo acontecer, vendo a semente germinar

e a flor a se esquecer.

Chego perto a uma janela, vejo um ser sofrendo

e a morte à sua espera,

vejo de longe o fim da primavera.

Me invocam na cidade, apareço ao fim da tarde,

E como quem não me espera,

chego trazendo paz e alimentando o pavio da vela.

- Mais uma vez aqui vos vejo,

no leito doí e teu corpo tem medo.

- Vejo que o luto em vós é vivo,

na hora certa dirá adeus aos teus amigos.

- Agora escute e se prepare,

a morte chega, mas a vida não para.

- Pouco tem, mas muito não te falta,

hoje fará tua passagem e deixará

sobre a terra, essa carne e essa bagagem.

- Escute a canção chegando feito água,

escute a emanação congelando teu corpo,

desacelerando teu coração e introduzindo em tua alma o portal luminoso.

Compreendi minha sentença e fiz

o que se deve fazer, pois preparei

toda a minha vida para passar por você.

Pois a morte me deu a canção,

e com asas abertas

voo da despedida à entrega,

ao silenciar do meu coração

iaGovinda
Enviado por iaGovinda em 05/11/2024
Código do texto: T8190008
Classificação de conteúdo: seguro