Questionara-me diante da Morte
QUESTIONARAM-ME DIANTE DA MORTE
Estava eu a contemplar o alto da montanha,
Fazendo notas, rabiscando as rochas.
Expandindo meu ser até chegar junto a ti.
Sinto tudo acontecer, vendo a semente germinar
e a flor a se esquecer.
Chego perto a uma janela, vejo um ser sofrendo
e a morte à sua espera,
vejo de longe o fim da primavera.
Me invocam na cidade, apareço ao fim da tarde,
E como quem não me espera,
chego trazendo paz e alimentando o pavio da vela.
- Mais uma vez aqui vos vejo,
no leito doí e teu corpo tem medo.
- Vejo que o luto em vós é vivo,
na hora certa dirá adeus aos teus amigos.
- Agora escute e se prepare,
a morte chega, mas a vida não para.
- Pouco tem, mas muito não te falta,
hoje fará tua passagem e deixará
sobre a terra, essa carne e essa bagagem.
- Escute a canção chegando feito água,
escute a emanação congelando teu corpo,
desacelerando teu coração e introduzindo em tua alma o portal luminoso.
Compreendi minha sentença e fiz
o que se deve fazer, pois preparei
toda a minha vida para passar por você.
Pois a morte me deu a canção,
e com asas abertas
voo da despedida à entrega,
ao silenciar do meu coração