Morte em vida
Quem nunca morreu em vida?
E quem nunca sentiu a urgência de mudar?
O chamado do novo, o impulso de se reinventar?
Despiu-se do passado, como quem tira a roupa
para mergulhar no mar.
Permitiu-se renascer, como nas pinturas de Sandro Botticelli
[O Renascimento de Vênus.]
Encontrou outros gostos, sabores desconhecidos,
desbravou lugares onde nunca imaginou que poderia ter ido.
Fez das incertezas um mapa da liberdade
e dançou ao som da chuva como se nunca sessasse.
Quem nunca morreu em vida?
Abandonou velhos costumes
para conquistar as mais belas coisas que existem neste mundo.
Mas quem já morreu em vida
sabe que viver é um ato constante de morte e renascimento,
é a beleza de ser múltiplo, um ser em movimento.
Desperta em nós o desejo incessante
de ser autor da própria história e ser viajante.