partida

novamente

com minhas palavras desnorteadas

apareço como

arauto

do que nem mesmo

eu conheço

ou entendo

cego e surdo

não vejo objetivo

não escuto razão

insisto na procura

do que para sempre

permanecerá no horizonte

sei o suficiente

para reconhecer a falha

sei o suficiente

sobre fraqueza

sei o suficiente

para ter certeza

de minhas palavras

ainda que débeis e repetitivas

cansativas

culpa elas não carregam

por assim serem estruturadas

por uma alma moribunda

não sei o suficiente

para afirmar o momento

em que parti

não existe reflexão

ou conhecimento

para compreender ou ver

o que está enterrado

tão profundamente que até mesmo

sua existência é questionada

sei o suficiente sobre dor

não sei o suficiente sobre despedidas

gostaria de agradar e agradecer

a todos que fizeram deste pálido ponto azul

inocente e isento

um verdadeiro inferno

com suas ideologias e convicções

estou cansado

minha mente e meu corpo

falham

estou exausto

gostaria de saber como

me despedir

mas sou educado demais

para simplesmente sair pela porta

sou medroso demais

para dizer adeus

por mais que esta seja

com todas minhas ideologias e convicções

a decisão correta

sei apenas como encerrar

esta reflexão

mas não confie no que aqui digo

pois as cores que os alegram

não me contemplam

os sorrisos que os enfeitam

não me encontram

o amor que os aquecem

me encontra ausente

não é belo

não é real

não é agradável

feche então

seus olhos e coração

para este arauto

da infelicidade

veja e esqueça

procure em outros lugares

pois aqui existe somente

o vazio do que nada possui