Farelos Cinzentos
A cada vez que eu tocava
Sua mão, ela se desfazia
Lentamente em cinzas
Tornando-se difícil
De estabelecer ponte tátil
Para seu coração
A cada falar de palavras
Derivadas do amor
Você perdia sílabas, sons
E letras, tornando-se mudo
Em relação ao afeto verbal
A tinta de seus versos
Das suas pinturas, partituras
Se esfarelou, transformando-se
Em poeira inanimada, prólogo
Do que antes era lindo e eterno
E quando chegar o dia
De todos nós abrimos vôo
Serei condenado a te ver
Preso ao chão
Pois tudo que lhe fazia
Uma pessoa tão iluminada
A ponto de ascender aos céus
Se acabou em cinzas
Tão inanimadas
Quanto a sua vida