Farelos Cinzentos

A cada vez que eu tocava

Sua mão, ela se desfazia

Lentamente em cinzas

Tornando-se difícil

De estabelecer ponte tátil

Para seu coração

A cada falar de palavras

Derivadas do amor

Você perdia sílabas, sons

E letras, tornando-se mudo

Em relação ao afeto verbal

A tinta de seus versos

Das suas pinturas, partituras

Se esfarelou, transformando-se

Em poeira inanimada, prólogo

Do que antes era lindo e eterno

E quando chegar o dia

De todos nós abrimos vôo

Serei condenado a te ver

Preso ao chão

Pois tudo que lhe fazia

Uma pessoa tão iluminada

A ponto de ascender aos céus

Se acabou em cinzas

Tão inanimadas

Quanto a sua vida

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 09/10/2024
Código do texto: T8169954
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