lama
Digo-lhe o que
Não posso
Por ocasião do
Acorrentamento junto
À minha covardia
A lama em minhas
Mãos
Perpetua a mácula
Em minha face
E com ligeira
Astúcia
Adentra minha boca
Dela somente ouvimos
A sujeira
Nascida desta lama
Que inunda a estrada
Que caminho sob eterna
Chuva
Incessantemente com
Seu cinza eterno
Adornando aquilo
Que não possui sentido
Minhas correntes são
Grossas, imaculadas
E nelas não existe
Um ponto de ferrugem
Caminho eternamente
Com seu peso e
Não se engane
Não existe resiliência
Deste homem fraco
Cedo, pouco a pouco
A seu peso
Eventualmente
Minha atividade
Cessará
Pela graça dos
Deuses, minhas
Amaldiçoadas palavras
Morrerão
E assim como meu corpo
Defeituoso
Devoradas pelo tempo
Disse-lhe o que pude
Fui cruel e injusto
Meu espírito
Negro
Como a lama que o devora
Minha boca continuará
A espalhar o terrível enquanto
Eu caminhar
Por isso me desculpo
Peço para me retirar
Peço que a justiça
Me esmague
Peço que seja largado
Aos vermes
Para que resquício algum
Do negrume em mim
Contamine o pouco
De cor que alguns
Tolos cegos
Ainda espalham
Pelo mundo