O amargo sussurro

O que eu peço todos os dias é a minha morte,

Um alívio doce, um sonho em sua sorte.

Nas sombras dançam os ecos do que fui,

Um sussurro amargo, um silêncio que não sei mais.

Caminho entre rostos, mas me sinto sozinho,

A vida é um labirinto, um constante espinho.

Cada risada é um peso, cada olhar, uma lança,

E nesse teatro solene, não há mais esperança.

Mas nesses pedidos sussurrados à lua,

Eu busco a beleza que o sofrimento mastiga.

Nas lágrimas que escorrem, nasce um poema,

E mesmo na dor, encontro um dilema.

Para cada batida do meu coração cansado,

Há um verso nascido, um amor consagrado.

A morte, então, não é um fim, mas um renascer,

Um espaço vazio, onde o novo pode florescer.

Portanto, entre os desejos de um descanso eterno,

Revejo a luz tênue que brilha no inverno.

O que eu peço, que seja a dança, a certeza,

De que viver é também um ato de beleza.

Raíne Gomes
Enviado por Raíne Gomes em 31/08/2024
Código do texto: T8141264
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