Travessia
Quero desbotar minhas tintas
Para corar de novo.
Quero ser a que brota
Nos impossíveis buracos no cimento,
E a que provavelmente não virá
No próximo oito de julho.
Estarei ausente do seu calendário
Para renascer numa esquina
Em um bonito resedá amarelo.
Quero estar bem perto
Mesmo assim distante
Onde seu olhar
Não me esfaqueie mais.
Depois de atravessar o lethe
Nem sua memória ousarei tocar.