O Silêncio das Flores
Florescem no jardim da morte,
Silenciosas, como um lamento contido,
Vestindo de cores os túmulos frios,
Onde repousam os que já não veem,
Os que já não sentem.
Beleza frágil, num gesto tardio,
Oferecemos flores a quem partiu,
Um tributo de saudade,
Um último suspiro de afeto,
Para aqueles que não podem mais apreciar.
Por que, então, guardamos esse carinho
Para o solo que acolhe o fim?
Por que as mãos que ainda tocam o dia
Raramente recebem o perfume
Das flores vivas?
O mundo corre, e nos perdemos,
Esquecemos de ofertar as pétalas
Enquanto o coração ainda bate,
Enquanto os olhos ainda brilham,
Esquecemos de amar, de dar, de dizer.
E assim, as flores murcham em nossas mãos,
Guardadas para um adeus sem retorno,
Quando poderiam enfeitar a vida,
Preencher de cor os dias banais,
Celebrar o amor enquanto ele respira.
Ah, se ao menos as flores falassem,
Sussurrariam no vento das manhãs,
"Não nos reserve para o fim,
Deixe-nos dançar na luz do presente,
E perfumar os corações que ainda estão aqui."