DO ÚLTIMO POETA VENCIDO
Sei que a morte me espera,
E seria incoerente não pensar assim.
Pois quem se vê perdido numa era,
É de desejar-se que ela chegue ao fim.
É certo meu deleite no suspiro final,
Já que ando sufocado por sensações estranhas.
Que lançam meu coração num eterno desejar,
E condenam minh'alma a paixões tamanhas.
Anseio esse abraço frio e eterno,
Como droga utópica para esquecer a dor,
Como remédio de quem já não tem esperanças,
Com os olhos sofridos, a implorar um favor.
Não é surpresa o que aguarda o meu próximo passo,
Então saio do jogo e mergulho nos breus,
Que habitam nas trevas do vazio do espaço
E onde há a definição do adeus.