Felicidade apressada
Tão insípida, sem graça, com pressa, passa, a felicidade que criei.
Quem dera, os relógios morressem.
Além da montanha que dorme o sol, o que será amanhã?
O meu olhar é curto, tímido de distância.
Um instante o ar que respiro, o resto são esboços.
E este céu infinito, cabe bem pequeno nos olhos meus que insistem.
Sóis, luas, noites e bem-te-vis, são só quadros bem pintados.
Num descuido, abate a cor, e tudo finda.
A tinta escorre, a moça é feia, o menino brigão, já anda de bengala.
E na solidão macilenta, invento tintas, quadros e feiúra.
Uma felicidade apressada.
João Francisco da Cruz