O Corredor Da Morte
Que viver cruciante, que cruel cenário
Medo e tristeza que ardem ao peito
Sofrimento árduo, infeliz, solitário
Talvez seja o único com este defeito
Se um dia teve luz, hoje se apaga
E caminha ao escuro da própria existência
A vida apedreja, a morte afaga
Só lhe resta o pesar, da consciência
Sangram seus pés ao andar sobre as brasas
Derrama o sangue de odor putrefato
Roubaram-lhe a alma, cortaram-lhe as asas
Agora não sente, não voa de fato
Caminha pelo corredor da própria tristeza
E leva consigo, um coração quebrado
Partido ao meio, com tanta frieza
Pois ninguém na vida, andou ao seu lado
Destina o seu fim, por meras carências
E parte sem volta, pra longa jornada
Só deixa pra trás como reticências
As brasas que ficam nas suas pegadas
Vê no final da estrada, um anjo obscuro
De capuz negro, e na mão um cajado
Segue caminhando por aquele trecho escuro
Quando finalmente, ao fim tem chegado
O anjo o olhando, disse-lhe então
Tu partirá comigo, pra eternidade
Dê-me a tua mão
E deixe pra trás, esta crueldade
Do olho chorando e do peito sangrando
Formam vertentes, que do corpo transborda
Parte desta vida, agora flutuando
Com o pescoço preso, a uma corda
E deixa pra trás, uma vida dolorosa
Na morte encontrou, o que tanto procurava
Agora a dor segue silenciosa
Ouvindo as histórias que a morte a contava