A Carta Da Morte

Subestimai-vos pujantes soberanos

Cujas negras mantas se solidificam

Sobresai-vos em teus feitos tiranos

Aos templos vetustos que glorificam

Estendem as mãos sebentas em plenitude

Destas mãos sedentas que dominam

Buscai-vos calmos no silêncio da virtude

Aos sábios, tolos que te ensinam

Aos portais fúnebres do grande teatro cristão

Adentra o luto, envolto capuz e adaga

Como o filho rebento da escuridão

No corredor da luz viva que se apaga

E cada passo se desenha ao chão

Em palavras curtas soletradas

Como a vida é frágil como um cordão

Pelas Moiras a linha esticada

Vê um caderno em meio ao pó

Num velho balcão

Ao lado de um corrediço nó

Feito a mão

Naquele caderno é a angústia que se relata

Em cada linha, traçando uma direção

A infinita angústia que te maltrata

Dominando a alma em possessão

Mil demônios surgem em passeata

Gritam altos, brados de oração

Cujas almas sangrentas que retrata

Aos quadros emoldurados na ilustração

De uma vida funesta tão ingrata

Cuja qual manifesta o ser ancião

Que ao mundo anda, ceifa e mata

És o filho mórbido da ilusão

Oriundo de um ser antigo, primata

Parecido de cabeça, pés e mãos

Mas diferente de sentimento por fisiocrata

Pois o ser antigo ainda tinha devoção

Enquanto o novo tem o ato psicopata

Anda na sombra de um sorriso forjado

Enquanto a máscara presa n'ouro e na prata

Esconde o real valor falsificado

Derramando o sangue de homens santos

No papel do tal caderno que assina

Misturado às gotas do pranto

Que caem sedentas do olhar de uma menina

Talvez nada mais na vida o conforte

Ou tampouco traga paz pra quem está vivendo

Mas a carta era assinada pela morte

E a próxima vítima dela é quem esta carta, estiver lendo

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 30/07/2024
Código do texto: T8118559
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