Lamento

Ah! lamento

Lamento tanto e quanto ao pranto

Que derramo, santo

Enquanto o manto

Cobre a alma descolorida

Lamento tanto e quanto ao pranto

Que derramo, no entanto

Quando canto o canto

Que ecoa tão brando

Ao mundo que padece

Na prece mal ouvida

Lamento tanto e quanto ao pranto

Que derramo, enquanto

O medo perde o encanto

Quando a morte torna-se maior que a vida

Lamento o meu doloroso e triste agudo

Agonizando no sussurro cada vez mais mudo

De um tolo e debilitado mundo

Que sofre pela mão humana

Lamento o meu bagunçado pensamento

Que aflito, perece no frio deste cimento

Sepultado em lápide de forma insana

Lamento tanto e quanto ao pranto

Sem saber se me garanto

Quando a noite tornar-se o pesadelo mortal

Que maligna revela o quanto

Sofro mas me levanto

Como um cadáver renascido ao funeral

Lamento este fogo ardente

Que penetra vivo na pele sangrenta

Num momento onde o calor aumenta

Quando verte aos poros o líquido brutal

Lamento esta injúria que a mim é sagrada

Como uma história jamais contada

Mas escrita ao livro de anseio fatal

Lamento esta tamanha rejeição

Fadado ao sofrimento eterno

Como ao pulsar do maior vulcão

Quando queima vivo este grande inferno

Lamento a alma amaldiçoada

Que na vida nunca orou por nada

Nem sequer uma mão abriu pra ajudar

Mas que na última hora implora

Pedindo socorro como quem se chora

Chorando pedindo a deus para o salvar

Lamento profundo este desespero

Aflição sedenta que nunca se termina

Lamento pela mão que assina

O contrato do seu próprio enterro

Lamento o espírito contido

Mártir da própria incompetência

Que à morte faz a reverência

Sabendo que nunca teve sequer vivido

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 25/07/2024
Código do texto: T8114713
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.